No dia de hoje houve factos que ficarão registados para a História:
1- Manifestação dos Professores: Ter dois terços de uma classe numa manifestação deverá ser sinal de preocupação para qualquer Governo. Os professores mostraram claramente a sua insatisfação, mas parece-me que estão a agir mais com a emoção (leia-se, aceitando o que os sindicatos propõem) que com a razão.
Os mais de 80 mil professores que estiveram a contestar hoje, em Lisboa, as medidas governamentais de avaliação e o Estatuto da Carreira Docente terão tido como base as suas legítimas preocupações de alienação de direitos adquiridos anteriormente e que estarão agora a ser colocados em causa.
Vamos por partes. A avaliação do desempenho é própria em qualquer organização. Só tem medo de ser avaliado quem admite que possa não ter bom resultado nessa avaliação ou quem considera que os critérios não são justos. Acredito que entre os professores existam aqueles que defendem o comodismo da progressão automática na carreira, consoante os anos que estiveram a leccionar, e aqueles que de facto se empenham na sua profissão e temem que fiquem preteridos nos critérios classificativos.
A classe dos professores não se pode é escudar no facto de que alguns deles levam trabalho para casa, porque esses desconhecem completamente a realidade actual de muitas outras profissões. Quantas vezes, enquanto fui jornalista, não trabalhei mais de 12 horas diárias e ainda levei trabalho para casa. Há funcionários públicos que ficam para lá da hora a executar trabalhos sem serem remunerados nessas horas extras. O mal é geral, não é apenas dos professores. Mas como diria alguém: "com o mal dos outros posso eu bem".
Nesta manifestação ouvimos críticas à Ministra que roçavam a falta de educação. Como pode um professor exigir educação numa sala de aula nestas condições? Bem prega Frei Tomás...
A manifestação foi meticulosamente preparada pelos sindicatos. Os custos de 300 mil euros não são irrelevantes. Quem paga esta manifestação? Os professores? O sindicato? Onde vão buscar esses fundos? Essa resposta pode ajudar a compreender muita coisa.
É necessário bom senso e simplificação do problema. A ambas as partes. Primeiro: É ou não necessária avaliação de professores? Se sim, que critérios devem ser seguidos. Se fosse eu a responder diria que sim, que é necessário avaliar qualquer profissional. Quanto aos critérios propunha uma reforma moderada baseada no princípio de que todos os professores deviam ser tratados por igual no ingresso na profissão. A partir daí subiriam de escalão de dois em dois anos se passassem numa formação de uma semana. Explico melhor. No Exército, os tenentes para serem promovidos a capitães vão passar 8 a 15 dias a um quartel (em Mafra assisti a isso mesmo) para serem avaliados. Os que passarem nesse tirocínio progridem na carreira.
A minha proposta vai mais longe: O nível mais alto seria o nível 20 (2 anos x 20 níveis = 40 anos de carreira). Se um professor começar a leccionar aos 25 anos, com mais 40, atingirá o topo da carreira com 65 anos. Isto não quer dizer que passe em todas as formações que fizer, que deverão ser exigentes, e poderá atingir a reforma no nível 19, 18, 17 ou menos ainda. As colocações seriam feitas consoante o nível (e a última classificação tida no tirocínio). É apenas uma sugestão que admite discussão.
2- Dia da Mulher: Brincou-se muito hoje com este dia. Vários amigos meus diziam-me que hoje era Dia da Mulher porque nos outros 364 (365 este ano) eram dias do homem. Voltámos às quotas socialistas que minimizam o papel da mulher na sociedade. Admira-me como é que as mulheres aceitam pacificamente esta exclusão. Não devia haver dia da mulher nem do homem. Isto sim merecia uma ampla manifestação das mulheres contra o facto de terem um dia em 365.
3- Natalidade em Portugal: O jornal Sol noticiava hoje que Portugal é o 7.º país mais velho do mundo. Cada mulher só tem 1,36 filhos, muito abaixo dos 2,1 necessários para manter a população. Mas houve um padrão que mudou: nascem hoje mais bebés no Sul do que no Norte. São necessárias, a meu ver, medidas mais enérgicas para combater esta situação.
4- Presidenciais nos EUA: Barak Obama venceu mais um Estado (dos mais pequenos dos EUA) e perfila-se como o possível candidato democrata às Presidenciais Norte-Americanas marcadas para Novembro próximo. Derrotou Hillary Clinton com mais de 60% dos votos. Começo a pensar que as clivagens que estas eleições estão a provocar nos democratas vão abrir esperanças para que seja o candidato republicano a vencer as eleições.
5- Eleições em Espanha: Amanhã é a Espanha que vai a votos numas eleições ensombradas por mais um ataque da ETA. O Governo de Madrid deverá permanecer nas mãos dos socialistas liderados por Zapatero.