terça-feira, 11 de setembro de 2007

11 de Setembro

Foi há seis anos. É verdade! O tempo passa e a gente não dá por ele. Na altura tinha abandonado o meu projecto empresarial de ter um jornal nos concelhos de Sever do Vouga e Albergaria-a-Velha - em Abril - e estava eu em Coimbra para ultimar os meus estudos.

Estudava para os exames de Setembro e lembro-me de estar a deslocar-me para a baixa de Coimbra quando sintonizei a TSF no meu Volkwagen Golf da altura. Um verdadeiro chorrilho de comentários vindos dos mais variados quadrantes. Políticos, especialistas em assuntos internacionais, e outros, davam as suas opiniões.

-Porra! Pensei eu, será que estes gajos não vão dizer o que se está a passar? Os carros circulavam, uns devagar e outros com toda a pressa como se agoirassem o fim-do-mundo.
-Mas afinal o que se está a passar? Já não aguento mais...
-Está? Sou eu, o Ed, por acaso sabes o que é que se passa? O quê? Deves estar a brincar... não sabem se foi acidente ou propositado? A dar na televisão? Epá não posso perder isso. A outra torre também foi atingida? E tu ainda perguntas se foi acidente? Qual acidente! Espera que vou já para aí. Em que canal está a dar? Em todos?!!! Puxa o caso é mesmo grave...

O espectáculo dantesco não deixava dúvidas, estava mesmo a acontecer. As Twin Towers (Torres Gémeas) foram destruídas em pleno centro da Big Apple, da maior cidade do mundo. Como é que isto foi possível? Nos Estados Unidos, ainda para mais...

Depois de ver todos os contornos desta história que ficará na História desenvolvi uma teoria, aliás partilhada por um dos chefes da CIA exilado em Portugal. Houve uma Conspiração ao nível planetário.

Todos sabemos que Bin Laden já foi amigo dos Estados Unidos. Com o que se passou em Nova Iorque tudo ficou fácil para a administração Bush poder intervir no Afeganistão e mais tarde no Iraque. Os seus conselheiros terão lhe falado na possibilidade de controlar estratégicamente uma zona do planeta muito instável e onde abunda uma matéria-prima indispensável - o petróleo!

Com o sacrifício de duas torres e quatro mil e tal pessoas, os EUA garantiram a supremacia mundial por mais uma década, enquanto assiste à ascensão dos países do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), entre os quais apenas a China constitui uma verdadeira ameaça.

Contrariamente à maioria das pessoas eu até considero que é importante para a segurança mundial a presença de uma "polícia do mundo", como os EUA se intitulam. Mas recuso que os meios possam justificar os fins.

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

A Ilha das Trevas



Acabei ontem de ler um dos livros que mais me sensibilizou. "A Ilha das Trevas" mostra-nos o que mais desumano pode existir. As atrocidades cometidas em Timor Leste durante 24 anos pela Indonésia estão descritas de forma chocante, revoltante e que nos obriga a condenar os bárbaros que as cometeram, tão sumariamente, como eles executaram crianças e idosos ou violaram e mataram mulheres.

É o segundo livro que leio este ano de José Rodrigues dos Santos - o primeiro foi a "Fórmula de Deus" - e nunca um livro me revoltou tanto como este. Enquanto lemos sentimos a necessidade de denunciar. Lembramo-nos do ano de 1999, quando Portugal se uniu todo em torno da liberdade do povo da pátria de Xanana Gusmão.

A questão timorense não é só uma questão portuguesa, é um exemplo da hipocrisia mundial na defesa dos direitos humanos. Quem comodamente se remete ao seu canto e não luta pela defesa dos direitos humanos está a pactuar com os assassinos a quem eu me recuso de chamar "animais", porque os animais não fazem aquilo que naquela "Ilha das Trevas" se passou.

A história está contada de forma quase documentária mas apresenta uma escrita fácil, acessível e muito compreensiva. Para quem ainda não leu o livro, mas pretenda aventurar-se, advirto que contém bolinha vermelha no canto superior direito. Prepare-se para se revoltar de uma forma que nem pensava ser capaz. Prepare-se para odiar os indonésios para o resto da sua vida e para se orgulhar do que Portugal - e os seus políticos Durão Barroso e António Guterres - fez pela liberdade do primeiro país do século XXI, Timor Leste.

O último capítulo, então, quando Paulino relata o que foi obrigado a fazer, revela a degradação a que o homem pode chegar.

Guardo um autógrafo que Ramos Horta - actual Presidente do país asiático que fala português e que sucedeu a Xanana Gusmão - me deu em Coimbra. É um pedaço do sofrimento daquele povo que guardarei para o resto da minha vida.