segunda-feira, 30 de julho de 2007

Queijo: Andaremos esquecidos?

A Lactogal vai finalmente encerrar a fábrica de queijos de Sanfins (Rocas do Vouga). Há uns anos atrás vaticinei mais uma tragédia no desemprego de Sever do Vouga, concelho já habituado ciclicamente a estas crises.
Primeiro foi o encerramento das minas do Braçal, após a 2ª. Guerra Mundial, que lançou milhares de severenses por todo o mundo, durante várias décadas. No início da década de 80, no secúlo XX, foi a vez das Massas Vouga, em Paradela do Vouga, remeter centenas de pessoas para o desemprego. Nos finais da mesma década foi a empresa Severo de Carvalho que também contribuiu.

E agora? Agora não fossem grandes empresas como a Martifer, A. Silva Matos ou Seveme e lá estaríamos nós novamente a lamentar-nos. A morte desta unidade fabril também há muito que era referida...

O fecho da unidade fabril da Lactogal de Sanfins é como que a derrocada final da nossa agricultura tradicional. Há muito que os agricultores, e sobretudo os produtores de leite, passaram a ser minoritários. Primeiro receberam dinheiro para comprarem ordenhas mecânicas, depois receberam dinheiro para venderem a quota leiteira.

O resultado foi que não só vendemos as "hortaliças", como também a própria "horta" que nos alimentava. E o resultado está à vista. Mas as razões da deslocalização não se ficam por aqui. As acessibilidades também contam. A política errada das Estradas de Portugal em lançar o IC35 para Ocidente do concelho de Sever do Vouga vai dar razão à Lactogal em transferir a fábrica de Sanfins para Oliveira de Azeméis, onde espera investir 50 milhões de euros.

O famoso queijo Gresso, líder incontestado nos flamengos, pela sua qualidade, foi canibalizado pelas outras marcas da Lactogal. Uma estratégia economicamente acertada se tivermos em conta que o objectivo era acabar com a unidade de produção de Sanfins. Mas a concorrência apercebeu-se desta oportunidade e a Lactogal perdeu a liderança.

Os flamengos mais vendidos em Portugal são actualmente o Limiano (com uma quota de mercado de 23%) e o Terra Nostra (18%), duas marcas dos franceses da Bel que se preparam para investir 23 milhões de euros numa nova fábrica na Ribeira Grande (Açores). O flamengo mais vendido pela Lactogal é agora o Agros, com uma quota que ronda os 13%. E o Gresso onde estaria se existisse em mais quantidade no mercado? Resultado: a Bel detém 50% da quota do mercado, enquanto a Lactogal se fica pelos 25%.

Os portugueses comeram em média 6,2 quilos de queijo, em 2006. Três vezes menos que os italianos. Mas a maioria dos queijos que comemos são importados ou produzidos por estrangeiros quando tínhamos o melhor queijo!!! Há aqui qualquer coisa que me escapa... Será que o queijo estrangeiro nos fez esquecer de alguma coisa?

quarta-feira, 25 de julho de 2007

The Office-O Escritório

A TVI passou a transmitir às quintas-feiras, após a maratona das novelas, a série "The Office"-O Escritório onde Steve Carell dá vida ao personagem criado e popularizado por Ricky Gervais na versão britânica.


A série mostra o dia-a-dia do escritório de uma empresa cujo chefe "Michael Scott" (Carell) é conhecido pelas piadas de mau gosto e o "dom" de criar situações inconvenientes e constragedoras entre os funcionários. A série é apresentada como se de um documentário se tratasse.
Recomendo àqueles, como eu, que gostam de humor requintado. Ainda para mais ironizando, quando não é ridicularizando, muito daquilo que os estudantes de Gestão ou Economia aprendem nas faculdades. Penso que se trata de uma série que muitos professores poderão apresentar nas aulas dos finalistas, preparando-os para a vida real.


Carell recebeu no ano passado o Globo de Ouro para melhor actor em série televisiva, e "The office" o Emmy para melhor série de comédia. Em 2007 o sindicato de actores norte-americanos (Screen Actors Guild) distinguiu o elenco na categoria.
Criada por Ricky Gervais, que interpretava o papel principal, e Stephen Merchant, a versão britânica data de 2001. Em Portugal esta foi exibida pela RTP e pelo People+Arts, no cabo. A série foi também adaptada em França, Canadá e Alemanha.

segunda-feira, 23 de julho de 2007

VougaPark e as Empresas Municipais

Não resistindo a um apelo de tornar este espaço mais opinativo gostaria de falar um pouco sobre Empresas Municipais.

É certo e sabido que a maioria são centros de despesismo e de emprego de amigos (os chamados "jobs for the boys"). Mas também é certo que nunca podemos confundir as árvores com as florestas. Generalizou-se a ideia que as empresas municipais são perfeitamente dispensáveis e na maior parte dos casos essa é uma realidade factual. O caso da Vougapark afigura-se como uma excepção. Viabilizei na Assembleia Municipal a sua criação, mesmo sabendo que o partido no qual milito é contrário à filosofia da sua existência.

A Vougapark poderá ser um motor de desenvolvimento económico da região do Vouga. A ideia que está na base da sua criação é a formação de mão-de-obra qualificada, rentabilizando um espaço abandonado adquirido pela Câmara Municipal de Sever do Vouga (a fábrica das massas, em Paradela).

A presença de algumas empresas no capital social, como a Martifer, a A. Silva Matos ou a Seveme, apenas para citar algumas, é por si um garante de que esta empresa municipal deverá funcionar. Os privados não investem para perder dinheiro!

O principal accionista é a Câmara Municipal de Sever do Vouga e conta com um parceiro de peso neste projecto, a Universidade de Aveiro.

Se a autarquia severense conseguir candidatar este projecto ao QREN, Sever do Vouga, e toda a região, darão um salto qualitativo na valorização dos recursos humanos, indispensáveis ao progresso e desenvolvimento económico.

Continuo a crer que esta será uma das três apostas fortes do concelho de Sever do Vouga. As outras são a Barragem de Ribeiradio e as Minas do Braçal. Economia, Energia e Turismo deverão passar a ser as palavras-chave deste concelho. Neste caso a empresa municipal criada não tem como objectivo o clientelismo a que estamos habituados noutras paragens e poderá melhorar as condições de vida deste concelho.

É um exemplo de que nem sempre devemos generalizar...

sábado, 21 de julho de 2007

As dívidas das Câmaras

O 3ª. edição do Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses, com dados reportados a 2005, deixa dados preocupantes.
O estudo feito por quatro pessoas, uma delas que muito me honra por já ter feito alguns trabalhos universitários com ela (Susana Jorge) foi financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, do Ministério da Ciência, Inovação e Ensino Superior traça alguns indicadores que revelam aquilo que muitos de nós já suspeitávamos. O excessivo endividamento das Câmaras Municipais.

Sempre defendi que as autarquias não servem para dar lucro, mas também defendo o equilíbrio financeiro, porque o contrário provoca desconfianças entre os fornecedores e "obriga-os" a subirem os preços para compensarem os atrasos nos pagamentos.
Um colega meu, vereador da Câmara de Anadia, confidenciava-me há dias que para um concurso que lançaram apareceram mais de 50 candidatos, entre eles as maiores empresas de construção. Porquê? Porque a Câmara de Anadia tem um prazo médio de pagamentos de 5 dias. "E é por razões burocráticas", dizia-me ele, "senão pagavamos na hora". Isto faz com que a autarquia possa negociar as obras e consiga-as mais baratas que noutros concelhos.
Na autarquia que presido não chegamos a este exagero, mas as dívidas são pagas em menos de 30 dias. É necessário dar alguma credibilidade às contas públicas para que várias pessoas que dependem dos fornecedores das Câmaras não fiquem sem o seu vencimento mensal. Provavelmente será necessário ensinar uma simples conta de merceeiro a determinados autarcas, para que não pague o justo pelo pecador.

Vejamos os municípios que apresentam o maior prazo médio de pagamentos:

1- Fornos de Algodres (Guarda)- 643 dias
2- Oliveira de Azeméis (Aveiro)- 520
3- Gondomar (Porto)- 506
4- Mondim de Basto (Vila Real)- 472
5- Ourique (Beja)- 413
6- Celorico da Beira (Guarda)- 409
7- Montemor-o-Novo (Évora)- 407
8- Porto Moniz (Madeira)- 403
9- Chamusca (Santarém)- 403
10- Lisboa (Lisboa)- 394
11- Valongo (Porto)- 349
12- Vagos (Aveiro)- 312
13- Mourão (Évora)- 311
14- Santarém (Santarém)- 306
15- Aveiro (Aveiro)- 294
16- Figueira da Foz (Coimbra)- 279
17- Sines (Setúbal)- 275
18- Santa Cruz (Madeira)- 261
19- São Pedro do Sul (Viseu)- 259
20- Covilhã (Castelo Branco)- 247
21- Sátão (Viseu)- 246
22- Vila Franca do Campo (Açores)- 238
23- Nazaré (Leiria)- 237
24- Vila do Conde (Porto)- 236
25- Machico (Madeira)- 236

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Poder de Compra

Afinal quem são os pobres de Portugal? A resposta está no Indicador do Poder de Compra que o INE (Instituto Nacional de Estatística) elabora com alguma regularidade. Entre os 308 municípios do país existem 30 que atingem um poder de compra entre 40 e 50% da média nacional. É nesses municípios que está a pobreza em Portugal. E é para esses concelhos que o Governo devia apontar medidas de descriminação positiva que permitam atenuar as assimetrias, cada vez mais acentuadas.

Os 30 concelhos com menor Poder de Compra no país são os seguintes (os dados reportam-se a 2004):

1-Celorico de Basto (Braga)- 41,77
2-Sernancelhe (Viseu)- 42,07
3-Cinfães (Viseu)- 42,71
4-Ribeira de Pena (Vila Real)- 43,78
5-Penalva do Castelo (Viseu)- 44,02
6-Câmara de Lobos (Madeira)- 44,35
7-Armamar (Viseu)- 44,55
8-Resende (Viseu)- 44,78
9-Vila Franca do Campo (Açores)- 45,09
10-Santana (Madeira)- 45,22
11-Nordeste (Açores)- 46,10
12-Alcoutim (Faro)- 46,24
13-Baião (Porto)- 46,31
14-Vinhais (Bragança)- 46,51
15-Boticas (Vila Real)- 46,56
16-Oleiros (Castelo Branco)- 47,40
17-Ribeira Grande (Açores)- 47,75
18-Meda (Guarda)- 48,32
19-Vila Nova de Paiva (Viseu)- 48,34
20-Ponta do Sol (Madeira)- 48,39
21-Castro Daire (Viseu)- 48,84
22-Tabuaço (Viseu)- 49,10
23-Terras de Bouro (Braga)- 49,36
24-Carrazeda de Ansiães (Bragança)- 49,42
25-Montalegre (Vila Real)- 49,61
26-Valpaços (Vila Real)- 49,76
27-Paredes de Coura (Viana do Castelo)- 49,83
28-Aguiar da Beira (Guarda)- 49,89
29-Penamacor (Castelo Branco)- 49,97
30-Mértola (Beja)- 50,01

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Desertificação Rural

O interior de Portugal está a perder população. As aldeias serranas e os concelhos do interior estão a ficar desertificados (aqui sim, senhor Ministro Mário Lino, poderá dizer que Portugal está a tornar-se num autêntico e preocupante deserto).

Em 2004, 12 dos 18 distritos do país tiveram um crescimento natural negativo. Com o encerramento de SAP's, de escolas e de outros serviços necessários aos cuidados primários das populações, é bem provável que a última metade desta década apresente níveis de desertificação ainda maiores.
O que quer o nosso Estado com estas medidas? Concentrar a população em apenas meia dúzia de cidades? Que benefícios poderão daí advir? O que ganha o país com a concentração da população?
Que argumentos têm para estas medidas é o que falta saber. Provavelmente os iluminados do Terreiro do Paço até estarão certos. Mas o que os impede de revelar as verdadeiras razões desta política de acabar com as aldeias? Haja clareza e transparência...

Deixo ficar os números dos distritos que foram mais afectados em 2004 no que toca ao crescimento natural (diferença entre nados-vivos e óbitos).
1- Guarda (-1284)
2- Castelo Branco (-1183)
3- Coimbra (-1147)
4- Santarém (-989)
5- Viseu (-970)
6- Beja (-930)
7- Bragança (-877)
8- Portalegre (-851)
9- Vila Real (-702)
10- Viana do Castelo (-556)
11- Évora (-456)
12- Leiria (-83)

E os distritos com crescimento natural positivo são:
1- Porto (5653)
2- Lisboa (4683)
3- Braga (3408)
4- Setúbal (1638)
5- Aveiro (934)
6- Faro (75)

As Regiões Autónomas também apresentaram crescimento natural positivo:
1- Açores (551)
2- Madeira (377)

terça-feira, 17 de julho de 2007

Taxas de IRC na Europa

O IRC é um imposto sobre os rendimentos das empresas. Tendo em conta o último post resolvi deixar aqui as taxas nominais máximas praticadas em alguns países europeus no ano de 2006:

Alemanha-38,6%
Áustria-25%
Bélgica-33,99%
Chipre-10%
Dinamarca-28%
Eslováquia-19%
Eslovénia-25%
Espanha-35%
Estónia-0%
Finlândia-26%
França-33,33%
Grécia-29%
Holanda-29,6%
Hungria-16%
Irlanda-12,5%
Itália-33%
Letónia-15%
Lituânia-15%
Luxemburgo-29,63%
Malta-35%
Polónia-19%
Portugal-25%
Reino Unido-30%
República Checa-24%
Suécia-28%

segunda-feira, 16 de julho de 2007

Moçambique

Recebi este mail de um colega moçambicano que gostaria de partilhar. As conclusões ficam para cada um.

"Caros Amigos,

Permitam-me compartilhar convosco esta triste constatação. Poderá não constituir novidade para muitos, mas gera-me uma tamanha indignação. Já imaginaram, por alto, quanto de imposto pagamos nesta nossa perola de índico que se chama Moçambique, cujo montante serve somente para suportar as despesas de funcionamento do Governo? Vamos lá fazer as contas:
Do nosso salário bruto, retêm na fonte entre 20 a 25% para pagamento do IRPS;
Quase todos os bens e serviços que adquirimos têm IVA a uma taxa de 17%;
Descontamos 3% do salário base para a segurança social obrigatória (INSS) – as empresas contribuem com 4% que poderia ser nosso;
Se a estas percentagens acrescermos a taxa de lixo, as taxas municipais, quanto fica? Portanto, entre 40 a 45% dos nossos salários vão para os cofres do Estado. Isto é, para quem recebe 30 mil meticais fica somente com pouco mais de 15 mil. O remanescente será para pagar as mordomias (que não são poucas!) do Governo e dos respectivos funcionários. E o quê é que recebemos em troca? (i) Educação? Não. Pela má qualidade, recorremos aos serviços privados – um relatório da UNICEF refere que no País as crianças com o nível primário concluído não sabem ler nem escrever. (ii) Saúde? Também, não. Vamos as clínicas privadas, aliás os próprios hospitais públicos têm clínicas especiais (iii) Segurança? Também, não. Confunde-se o polícia e o ladrão, pelo que para a nossa segurança recorremos também a privados. Ademais, são os reguladores de trânsito e os cinzentinhos que procuram situações para nos extorquir mais dinheiro. Numa situação destas, que incentivo tenho para pagar impostos? E que moral tem o Governo para me exigir? E depois questionam a razão da fuga ao fisco na pátria amada. Enfim, somos nós que trabalhamos para o bem-estar do Governo e não o contrário. É o país da marrabenta, onde o que está a dar é dzukuta
!"

BZ

domingo, 15 de julho de 2007

Vereadores da Câmara de Lisboa

A Câmara Municipal de Lisboa tem um novo grupo de vereadores resultantes das eleições intercalares deste dia 15 de Julho de 2007.
Dada a abstenção (62,61%) muito elevada, eram necessários 9.341 votos para eleger um vereador segundo o método de apuramento utilizado (Método de Hondt). A lista completa dos vereadores eleitos foram os seguintes, pela ordem de eleição:

1-António Luís Santos da Costa (PS)-57.907
2-António Pedro de Nobre Carmona Rodrigues (I)-32.734
3-Fernando Mimoso Negrão (PSD)-30.855
4-Manuel Sande e Castro Salgado (PS)-28.954
5-Maria Helena do Rego da Costa Salema Roseta (II)-20.006
6-Ana Sara Cavalheiro Alves de Brito (PS)-19.303
7-Ruben Luís Tristão de Carvalho e Silva (CDU)-18.681
8-Pedro José Del-Negro Feist (I)-16.367
9-José Frederico de Lemos Salter Cid (PSD)-15.428
10-Marcos da Cunha e Lorena Perestrello de Vasconcelos (PS)-14.477
11-José Paixão Moreira Sá Fernandes (BE)-13.348
12-Maria Rosária Vargas Esteves Lopes da Mota (PS)-11.582
13-Gabriela Maria Chico de Cardoso Seara (I)-10.912
14-Margarida Maria de Moura Alves da Silva de Almeida de Saavedra (PSD)-10.285
15-Manuel João Mendes da Silva Ramos (II)-10.003
16-José Vitorino de Sousa Cardoso da Silva (PS)-9.652
17-Rita da Conceição Carraça Magrinho (CDU)-9.341

quinta-feira, 12 de julho de 2007

Tristeza

A tristeza é um sentimento que nos ocupa muitas vezes. Ficamos tristes por palavras ou actos de alguém, pela miséria doutra pessoa, por um desastre ou cataclismo, por uma imensidade de coisas. Por uma revolta muito grande com uma injustiça que observamos...

Outras vezes ficamos tristes sem saber porquê, sentimo-nos tristes e não conseguimos identificar a origem dessa tristeza. Talvez seja uma data de pequenas coisas somadas, ou algo que nos tocou e não nos recordamos.

terça-feira, 10 de julho de 2007

Eleições Intercalares para a Câmara de Lisboa-Debate


A RTP realizou nesta segunda-feira, nos Paços do Concelho de Lisboa, um debate televisivo que durou quase três horas, com os 12 candidatos à Câmara Municipal de Lisboa, nas Eleições Intercalares marcadas para domingo, dia 15 de Julho de 2007.
Moderado por Fátima Campos Ferreira,ao jeito do Prós e Contras. Os intervenientes nem sempre aceitaram as regras e foram invadindo o espaço dos adversários para exprimirem a sua discordância. A situação financeira da Câmara, a questão dos transportes, acessibilidades, estacionamento, o urbanismo e a requalificação da Baixa-Chiado foram os principais temas abordados. Seguem-se as ideias de cada candidato, seguidas de uma avaliação que fiz de cada um.
Manuel Monteiro (PND)
O Líder do Partido da Nova Democracia quer que a reabilitação urbana em Lisboa passe para a mão de privados que apostem na recuperação de casas. Manuel Monteiro propõe a criação de um “off-shore imobiliário” que isente quem fizer reabilitação de edifícios.
Muito crítico quanto às contas da Câmara acusou a autarquia de andar a pedir dinheiro emprestado à banca para pagar ordenados. “Não há dinheiro para papel higiénico”, ironizou.
Manuel Monteiro quer um papel mais activo dos privados porque “ou apostamos a sério ou não vamos a lado nenhum” e lembrou que “a EPUL faz concorrência desleal com construtores e serve apenas para premiar administradores, apesar de não haver dinheiro para os empregados”.
Criticou o CDS-PP por desresponsabilização no que se passa na Baixa-Chiado. “Sem a dinamização económica Lisboa não vai a lado nenhum”, admitiu, dando como exemplo o que se passou com o incêndio do Chiado.
Defendeu a extinção total das empresas municipais e a entrega a privados dos vários serviços.
AVALIAÇÃO: Acusado pela moderadora de falar alto, de facto não passou despercebido. Atacou o líder do PNR, do PCTP-MRPP e o candidato do CDS-PP, ao ponto de Fátima Campos Ferreira explicar aos espectadores de haver uma luta entre os pequenos partidos. Também não passou despercebida a interrupção que fez ao “amigo António”, leia-se António Costa. Perguntou a Carmona Rodrigues se queria aumentar o IMI e elogiou-o pela coragem desta proposta de aumento. Denunciou Carmona de gastar 1,9 milhões com acessores. Mostrou ideias coerentes e é um bom explicador, pecando apenas na sua obsessão por Paulo Portas, trazendo-o para o debate desnecessariamente. Gastou parte do minuto final a explicar porque saiu do CDS-PP mas esteve bem ao dizer que é candidato em nome de ideais (15 valores).

José Sá Fernandes (BE)
Corrupção deixou de ser o tema, estranhou o candidato do BE deixando claro que foram as suas intervenções que provocaram eleições intercalares. “Carmona Rodrigues chegou ao ponto de ter um cartaz a dizer ‘a verdade’”, ironizou.
100 000 pessoas vivem nos bairros sociais de Lisboa, ou seja, um quinto da população da cidade”, disse José Sá Fernandes dando exemplos de alguns bairros como Lóios e Amendoeiras.
“Casas vazias e poucas pessoas a viver cá”, foi assim que o candidato do BE caracterizou a Baixa-Chiado e disse que os jovens não vêm viver para a cidade devido aos preços, defendendo que em cada cinco casas, uma terá que ser habitada.
Defendeu uma grande rede de transportes públicos, nomeadamente de eléctricos. “Também deve haver um grande investimento no estacionamento”, defendeu o candidato lembrando que tem havido desinvestimento nos transportes públicos.
Quer a rentabilização do património da autarquia como forma de gerar receitas.
AVALIAÇÃO: Embora um pouco apagado, esteve ao seu nível de denunciador. Um verdadeiro opositor à Câmara. Não se deixou cair na tentação, que é visível na campanha, de falar mais com a emoção que com a razão. “Quem achar que eu não cumpri, não vote em mim”, terminou a sua intervenção (14 valores).

António Costa (PS)
Preferiu defender o seu número dois, o arquitecto Manuel Salgado. “Marques Mendes acusou-o e como não arranjou provas inverteu o problema”, disse o socialista.
O candidato espera que a nova Lei do Arrendamento dinamize a requalificação urbana e aguarda que o IMI estimule a habitação.
Após interpelação de Manuel Monteiro (PND), António Costa manteve o desejo de convidar Maria José Nogueira Pinto para liderar o projecto de requalificação da Baixa-Chiado e da Circular das Colinas “retirando-o do congelador”.
António Costa disse que o porto de Lisboa deve gerir a actividade portuária e tornar-se um porto competitivo, “mas não deve fazer aquilo que não sabe fazer, como indicar a Doca-Pescas para Centro de Congressos”.
AVALIAÇÃO: Acusou a Câmara de receber dinheiros do Governo para um determinado fim e dar-lhe outro. Foi confuso na questão do Fundo para financiar a Câmara. Defendeu a extinção da EMERLIS. Disse que o problema não era o dos 11 acessores de José Sá Fernandes. O último minuto foi a de um homem de Estado, revelando aquilo que não conseguiu durante o debate. Passou quase despercebido, mas pareceu que propositadamente, e nem precisou de defender o Governo onde esteve até há pouco tempo (13 valores).

Ruben de Carvalho (CDU)
Quer menos licenciamentos e defendeu a “Via Verde para a reabilitação”.
1.261 milhões de euros de passivo e 3.326 milhões de euros de activo não são razões para se dizer que a Câmara está falida, considerou. 26 milhões de dívidas a fornecedores em dívidas de curto prazo é que é, no seu entender, o problema. Disse que não há soluções milagrosas.
AVALIAÇÃO: Revelou ser conhecedor profundo da realidade lisboeta, mas mostrou-se muito embrenhado nos problemas não sendo esclarecedor nas soluções. O caso das finanças foi disso exemplo. Imagem muito pálida para um político até à questão financeira, altura em que se mostrou visivelmente irritado com a moderadora que o deixou dar duas soluções. Terminou deixando claro que segue a velha linha comunista abusando de palavras como “trabalho” e “competência” (12 valores).

Telmo Correia (CDS-PP)
“O dr. António Costa quer trazer o Governo para a Câmara e Fernando Negrão vem de Setúbal”, disse o candidato. Entre as três hipóteses possíveis para o novo aeroporto a única que não tem especulação imobiliária é a da Portela+1, defendeu Telmo Correia lembrando que “é a que António Costa afasta”. Defendeu “tolerância zero com o betão, enquanto a reabilitação não for feita”.
Telmo Correia quer vídeo-vigilância na Baixa porque é um meio de dissuasão e de prova e deu o exemplo de Paris.
AVALIAÇÃO: Demonstrou os seus dotes de orador, mas acusou a moderadora de não lhe dar tempo para abordar os transportes. Lembrou que Carmona Rodrigues age como se nunca tivesse estado na Câmara. Muito bom na abordagem do problema dos trabalhadores da autarquia. Muito bem na resposta a Manuel Monteiro (PND) lembrando que quando foi vereador da Câmara de Lisboa teve o seu apoio (12 valores).

José Pinto Coelho (PNR)
Começou por acusar Manuel Monteiro (PND) de ser “um homem do sistema” e lembrou que Lisboa expulsou nos últimos anos 300.000 habitantes da classe média, deixando apenas os muito ricos ou os muito pobres que vão recebendo a casa da Câmara Municipal. “É preciso apostar na Família”, disse, defendendo baixar tarifas da água e electricidade. “È no urbanismo onde há mais corrupção”, disse ainda o candidato do PNR.
Quanto à Baixa-Chiado, o líder do PNR referiu que “o projecto é megalómono e vai esventrar o centro da cidade. É preciso garantir a segurança e não é com a demagogia da vídeo-vigilância do CDS-PP, porque se for um encapuçado não resolve nada”.
Quer acabar com as empresas municipais “porque é preciso acabar com os tachos”.
AVALIAÇÃO: O líder do partido de extrema-direita esteve muito bem na defesa das suas posições. Queixou-se à moderadora de não lhe ter dada a palavra na questão dos transportes. Não se percebeu a intervenção final quando deu como exemplo a forma americana de construir uma cidade, bombardeando-a (12 valores).

Helena Roseta (Cidadãos por Lisboa)
Falou das 70 mil casas vazias prometendo apostar na Baixa-Chiado e na zona Ribeirinha como áreas a serem reabilitadas para a habitação.
Acusou os principais candidatos de não fazerem frente ao Governo quando Lisboa precisa de uma liderança forte. “Com o dinheiro do túnel do Marquês tínhamos feito muitas passagens”, lembrou referindo-se ao trânsito.
Falou do problema financeiro da Câmara “que está nas dívidas a curto prazo”.
Quer Lisboa uma cidade mais participada.
AVALIAÇÃO: Muito apagada, sempre falando em tom ameaçador e intimidatório para com Fátima Campos Ferreira que não teve pejo em cortar-lhe a palavra. Começou o debate lembrando que era a única mulher-candidata, querendo seduzir o eleitorado feminino lamentando não haver mais mulheres. Mais parecia uma candidata socialista a defender as quotas para as mulheres. Preocupou-se em saber como é que as pessoas iriam escolher o candidato e acusou a RTP de não lhe dar cobertura televisiva da sua candidatura. Muito bem ao dizer que a grande mais-valia da Câmara está nos recursos humanos, de 12.000 pessoas, mas soou a demagogia (11 valores).

Fernando Negrão (PSD)
Para o candidato social-democrata a prioridade deverá estar na reabilitação urbana, mas acredita que os novos licenciamentos sejam complementares. Reproduziu palavras de Manuel Carrilho contra o número dois da lista do PS.
“A maioria dos restaurantes ribeirinhos não têm uma rede de esgotos”, disse Fernando Negrão acusando a entidade portuária de Lisboa e lembrou que a Câmara não tem responsabilidade nesta matéria.
“É necessária a racionalização dos serviços”, disse, defendendo a extinção da GEBALIS.
Assumiu que quer liderar a Câmara de Lisboa e revelou ter um programa para “tornar Lisboa uma cidade mais competitiva”.
AVALIAÇÃO: Longe do esperado. Passou quase despercebido. Tentou mostrar que tem um programa e que quer governar a maior Câmara do país mas ficou-se quase sempre pela superficialidade. Afastou os partidos destas eleições, excepção feita para a parte inicial quando tocou no nome do número dois da lista socialista (11 valores).

Carmona Rodrigues (Independente)
Atacou Sá Fernandes porque apresentou 14 processos contra a Câmara de Lisboa e perdeu em todos. O candidato independente defendeu que “temos de acabar com julgamentos na Praça Pública” para dar credibilidade às instituições.
O PDM, datado de 1994, está desactualizado e “é mais fonte de problemas que de soluções”, disse ainda Carmona Rodrigues que informou que actualmente a autarquia gasta cerca de 30% na reabilitação urbana.
O candidato independente lembrou que o edifício dos Paços do Concelho só foi registado em 2002 como propriedade da Câmara Municipal, por usucapião.
O porto de Lisboa não deve gerir a área que não diga respeito à actividade portuária, defendeu o independente.
Considerou que Lisboa está pior que o Porto na questão dos transportes.
Defendeu no final uma sedimentação das suas medidas querendo transmitir a verdade.
AVALIAÇÃO: Deixou transparecer que estava alheio aos erros cometidos na cidade, como se nada tivesse a ver com o tempo em que liderou a autarquia. Desculpou-se com a Lei das Finanças Locais para explicar a dívida da Câmara. Queixou-se de que não tinha como controlar o número de acessores da Câmara. (10 valores).

Garcia Pereira (PCTP-MRPP)
“Que cidade queremos?” perguntou Garcia Pereira, defendendo que “nenhum problema estará resolvido sem essa perspectiva estratégica.
Falando em infra-estruturas como a ligação ferroviária à Europa, Aeroporto e Porto disse que “Lisboa é uma cidade adiada, vivendo a pior crise desde o terramoto de 1755”, quando devia ser uma grande capital europeia “e a especulação imobiliária é a responsável”.
O candidato do PCTP-MRPP quer uma nova Lei dos Solos que permita à Câmara tomar conta dos que estejam a ser alvo de especulação, tal como as 70.000 casas devolutas. “Lisboa precisa de uma terapia de choque”, concluiu.
O PS esteve no governo da Câmara de Lisboa e por isso também é responsável pelo estado em que está a Baixa-Chiado, disse o candidato do PCTP-MRPP.
“Na cidade de Lisboa quem deve mandar é a Câmara e o seu presidente”, disse acrescentando que “a administração do porto de Lisboa é uma empresa feudal sendo necessário um gabinete que projecte a construção do novo grande porto de Lisboa”.
“O aeroporto de Lisboa deverá ser um grande aeroporto internacional”, disse o candidato, mas não deixou clara a defesa da Portela+1.
“O voto num partido que tem estado no Governo dos últimos 30 anos é um voto perdido”, disse por fim.
AVALIAÇÃO: Muito confusa a intervenção sobre a situação financeira da Câmara. Acusou frontalmente Carmona de responsável pela situação. As intervenções estiveram ao seu nível. Pouco inflexível nas suas posições, defendeu acerrimamente uma esquerda ultrapassada e tornou uma eleição de partidos e não de pessoas (10 valores).

Pedro Quartin Graça (MPT)
O candidato do Movimento Partido da Terra quer a zona da frente-rio e as zonas verdes “interditadas de todas as obras volumosas” e acusou a Câmara de desconhecer o seu património.
Defendeu que a Câmara Municipal de Lisboa devia receber uma parte das receitas da Brisa resultantes das entradas na cidade.
Quer que Lisboa seja ressarcida pelos incómodos causados pelos estaleiros que provocam transtorno diário aos lisboetas e pelo estado em que o Terreiro do Paço se encontra.
AVALIAÇÃO: Tentou mostrar gráficos, como se isso mostrasse o seu conhecimento dos problemas. A imagem passou muito despercebida. A sua intervenção foi muito repetitiva (9 valores).

Gonçalo da Câmara Pereira (PPM)
Deu os parabéns à Câmara por ter acabado com os bairros de lata, criando mais de 70 bairros habitacionais. Considerou que “é preciso ter lata o eng. Carmona Rodrigues recandidatar-se”.
“Lisboa está deserta porque tiraram os serviços da Câmara e agora também querem tirar os serviços do Governo do Terreiro do Paço”, disse o candidato do PPM defendendo que é a falta de emprego que leva as pessoas a saírem da cidade.
“A minha candidatura é uma candidatura de indignação”, revelou no final.
AVALIAÇÃO: Quis deixar passar a imagem do bom-vivant monárquico mas não foi mais além. Demonstrou um discurso muito oco mas tomou posições apartidárias até à questão financeira. Disse que Lisboa não tem funcionários a mais e defendeu que a Câmara não está falida (7 valores).

segunda-feira, 9 de julho de 2007

Os Filhos de Húrin

Normalmente começo a ler muito livros, mas nunca consigo terminá-los e vão enchendo a minha mesa de cabeceira. Em 2007 estabeleci a meta de ler todos os livros que atinjam o primeiro lugar semanal das vendas (vejo o Top de Vendas da FNAC no jornal Sol). Esta promessa obriga-me a ler livros até ao fim e diversificou o meu tipo de leitura.
Os livros que li em 2007 foram:

* Eu, Carolina (Carolina Salgado)
* A Fórmula de Deus (José Rodrigues dos Santos)
* O Prazer de Emagrecer (Fernando Póvoas)
Actualmente leio "Os Filhos de Húrin", de JRR Tolkien. Vou a meio. É um livro estranho que foge dos padrões normais da literatura a que estou habituado, mas interessante por abrir novos horizontes. Como a última página refere, a história passa-se "num tempo muito remoto, muito, muito antes dos tempos de O Senhor dos Anéis". Conforme se repara o autor do livro também deu origem à obra que foi transformada numa saga muito vista no cinema.
Enquanto isso "A Ilha das Trevas", de José Rodrigues dos Santos já está à espera.
Sinopse de "Os Filhos de Húrin"

Os Filhos de Húrin não vai certamente deixar indiferentes os fãs do Hobbit e de O Senhor dos Anéis, e todos os que gostam do universo fantástico dos Elfos, Dragões, Anões e todas as criaturas fantásticas que a imaginação de Tolkien consegue descrever de forma maravilhosamente cativante...
Num tempo muito remoto, muito, muito antes de O Senhor dos Anéis, um grande país se estendia para além dos Portos Cinzentos a Ocidente: terras por onde outrora caminhou Barba de Árvore mas que foram inundadas no grande cataclismo com que findou a Primeira Era do Mundo.
Nesse tempo remoto, Morgoth habitava a vasta fortaleza de Angband, o Inferno de Ferro, no Norte; e a tragédia de Túrin e a sua irmã Nienor desenrola-se sob a sombra do medo de Angband e a guerra forjada por Morgoth contra as terras e cidades dos Elfos.
Esta edição é ilustrada por Alan Lee, conhecido não só pelos seus trabalhos de ilustração anteriores (colaborou, por exemplo, com Brian Froud em Faeries), mas também pela sua colaboração com Peter Jackson na realização cinematográfica da Trilogia O Senhor dos Anéis.

domingo, 8 de julho de 2007

7 Maravilhas




Para mim foi uma autêntica surpresa a escolha das 7 maravilhas portuguesas. Entre aquelas que votei apenas acertei em três (os monumentos lisboetas dos Jerónimos e a Torre de Belém e o Castelo de Guimarães). O Mosteiro de Alcobaça, Palácio da Pena (Sintra) e mesmo o Mosteiro da Batalha não estavam nas minhas mais rebuscadas previsões.


Os meus votos foram para a Universidade de Coimbra (onde estudei), Convento de Mafra (onde estive mais de três meses a cumprir serviço militar), Convento de Cristo, em Tomar (a outra cidade onde fui militar), Mosteiro dos Jerónimos, Torre de Belém, Castelo de Guimarães, Torre dos Clérigos (Porto).


A votação é sempre discutível, mas foram estas as escolhas e pronto! Como dizia uma locutora da TSF, o problema é que Portugal tem imensas maravilhas e dava conta de Vila Viçosa, Marvão, Clérigos e Igreja de São Francisco (Porto), Castelo de Almourol.


Caso para concluir que Portugal é uma imensa maravilha, para muitos ainda por descobrir. Pode ser que agora passemos a ir mais vezes para fora... cá dentro!


As sete maravilhas escolhidas no dia 07/07/2007, divulgada na cerimónia realizada no Estádio da Luz, em Lisboa, foram: Mosteiro de Alcobaça; Mosteiro dos Jerónimos; Palácio da Pena; Mosteiro da Batalha; Castelo de Óbidos; Torre de Belém e Castelo de Guimarães.


As 7 maravilhas do mundo escolhidas durante a mediática cerimónia foram: Grande Muralha da China; Petra (Jordânia); Cristo Redentor (Brasil); Machu Picchu (Perú); Chichén Itzá (México)
Coliseu de Roma (Itália) e Taj Mahal (Índia).

sábado, 7 de julho de 2007

O Regresso do Fado

O concerto de Mariza e Gilberto Gil, ontem (sexta-feira, dia 6 de Julho de 2007), em Aveiro, provou que o fado está de regresso. Mariza ofuscou por completo o ministro brasileiro da cultura e arrancou as maiores ovações da noite de um público que deve ter ficado dentro das expectativas da organização (entre 6 e 8 mil pessoas).

A fadista, de caracterização única, puxou pelo orgulho de ser português e deu uma nova configuração ao fado, tornando-o mais jovem, mais atraente, mais actual. Entre os espectadores, a grande maioria situava-se na casa dos 30 e 40 anos, provando que o fado está aí para ficar.
Durante o concerto Mariza insistiu nas suas raízes aveirenses, mas as palavras que pretendiam entusiasmar o público presente soaram a provincianismo.
Gilberto Gil entusiasmou apenas em duas ou três canções conhecidas, como "Tempo Rei" e "Toda Menina Baiana" que não resisto a deixar aqui a letra:

Toda menina baiana
letra e música: Gilberto Gil1979
Toda menina baiana tem um santo, que Deus dá
Toda menina baiana tem encanto, que Deus dá
Toda menina baiana tem um jeito, que Deus dá
Toda menina baiana tem defeito também que Deus dá
Que Deus deu
Que Deus dá

Que Deus entendeu de dar a primazia
Pro bem, pro mal, primeira mão na Bahia
Primeira missa, primeiro índio abatido também

Que Deus deu
Que Deus entendeu de dar toda magia
Pro bem, pro mal, primeiro chão na Bahia
Primeiro carnaval, primeiro pelourinho também
Que Deus deu
Que Deus deu
Que Deus dá

Foi o primeiro concerto de Mariza e Gilberto Gil que contou ainda com as participações da Orquestra Filarmonia das Beiras (espectacular!... porque é que não é mais conhecida no país e no mundo?) dirigida pelo maestro brasileiro Jaques Morelenbaum. Gilberto Gil seguiu para Marrocos, onde hoje, dia 07/07/2007, dá um concerto em Agadir.

Utilidade para "Elefante Branco"

Afinal o maior "elefante branco" de Aveiro, leia-se o Estádio Municipal, construído em 2004, tem alguma utilidade. A estreia como palco de concertos passou no teste. E ainda bem, poque com o Beira-Mar na Divisão de Honra (2ª. Divisão) não auguro ser muito utilizado na próxima temporada (2007/2008).
Não se percebeu muito bem porque é que o palco estava voltado para Nascente, e não para a Baliza do Sul. Talvez para "fazer parecer a casa cheia". Uma questão de imagem, que resultou.
Concerto da Lusofonia
O balanço é, no meu entender, francamente positivo. A fusão da cultura portuguesa e brasileira foi muito aplaudida.
Gostaria de ver Aveiro como a capital da lusofonia. Seria interessante ver com mais assiduidade espectáculos deste género mas que envolvesse todos as culturas que têm em comum a língua portuguesa.
Parabéns aos promotores do projecto "Música com Sal" (nome muito bem escolhido para Aveiro, terra das salinas). Passaram no exame.

sexta-feira, 6 de julho de 2007

Douro

Quando nos referimos ao Douro quase sempre associamos ao rio que passa entre o Porto e Gaia. Raramente damos conta que é um curso de água que nasce em Espanha, nos picos da serra de Urbión (Sória), a 2080 metros de altitude e tem a sua foz na costa atlântica, na cidade do Porto. O seu curso tem o comprimento total de 850 km. Desenvolve-se ao longo de 112 km de fronteira portuguesa e espanhola e de seguida 213 km em território nacional. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_Douro) A região entre o Porto e a Régua é, quanto a mim, uma zona desaproveitada (como tantas outras pelo nosso país fora). As viagens turísticas que observamos neste percurso, tanto em transporte fluvial como em transporte férreo, acredito que possam ser deslumbrantes. O mesmo já não direi quanto a uma viagem de automóvel entre o tabuleiro inferior da Ponte D. Luís e a Régua, ou para ser mais preciso PESO DA RÉGUA (http://pt.wikipedia.org/wiki/Peso_da_r%C3%A9gua).

Não falo do piso da estrada que até nem é mau, mas da sinalização. Entramos num autêntico labirinto e somos apenas socorridos pelo serpentear do Douro entre as duas encostas vinhateiras. O caso mais flagrante é na chegada à ponte de Entre-os-Rios/Castelo de Paiva. A pequena rotunda confunde quem ali passa. Não há nenhuma informação que indique qual a direcção a seguir para quem vai para a Régua. Optei por atravessar a ponte no propósito de passar por Cinfães (http://pt.wikipedia.org/wiki/Cinf%C3%A3es) e Resende (http://pt.wikipedia.org/wiki/Resende_%28Portugal%29), vilas sedes de concelhos pertencentes a Viseu.

No percurso reparo na organização administrativa portuguesa. Saí do Porto (distrito do Porto), passei o rio Douro em Entre-os-Rios (freguesia de Eja, concelho de Penafiel, distrito do Porto) para Castelo de Paiva (Aveiro), segui por Cinfães e Resende (Viseu), para chegar à Régua (Vila Real). Tudo isto em 129 km. Resende é conhecida pelas cerejas, um fruto que aprecio e que tinha aqui de fazer referência.

O Cais da Régua é fantástico. Estão a imaginar uma esplanada virada para o rio Douro, uma cervejinha em cima da mesa e um pires de tremoços. Soberbo ao fim-da-tarde.

O regresso pode ser feito por outra via, mais rápida. Directo a Mesão Frio, na direcção do IP4. A paisagem não é tão deslumbrante. http://www.viamichelin.com/viamichelin/esp/dyn/controller/Itinerarios