domingo, 24 de maio de 2009

Serralves em Festa! :: 30-31 Mai 2009

A sexta edição do Serralves em Festa marca não só, mais uma vez, 40 horas de animação ‘non stop’, mas ainda a comemoração dos 20 anos da Fundação e os dez anos do Museu de Arte Contemporânea portuense – a 30 e 31 de Maio (entre as 8h de sábado e as 24h de domingo) com entrada gratuita.

Haverá mais de 80 actividades ininterruptas nas áreas da música, dança, acrobacia, performance, teatro, circo contemporâneo, cinema, vídeo, fotografia, oficinas, visitas orientadas e exposições.
Estive presente nos últimos três anos e tudo farei para marcar presença nesta edição. É um espectáculo cultural na cidade do Porto que recomendo. O local é magnífico!


sexta-feira, 15 de maio de 2009

O deslumbramento de Ícaro

Na mitologia grega, Ícaro ficou famoso pela sua morte ao cair no Egeu quando a cera que segurava as suas asas artificiais derreteu.

Ícaro era filho de Dédalo, um dos homens mais criativos e habilidosos de Atenas. Um dos maiores feitos de Dédalo foi o labirinto do palácio do rei Minos de Creta, para aprisionar o Minotauro. Por ter ajudado Ariadne, a filha de Minos a fugir com Teseu, Dédalo provocou a ira do rei que, como punição, ordenou que Dédalo e seu filho fossem jogados no labirinto.

Dédalo sabia que a sua prisão era intransponível, e que Minos controlava o mar e a terra, sendo impossível escapar por estes meios. "Minos controla a terra e o mar", teria dito Dédalo, "mas não as regiões do ar. Tentarei este meio".

Dédalo projectou asas, juntando penas de aves de vários tamanhos, amarrando-as com fios e fixando-as com cera, para que não se descolassem. Foi moldando com as mãos e com ajuda de Ícaro, de forma que as asas se tornassem perfeitas como as das aves.

Quando o trabalho ficou pronto, o artista, agitando as suas asas, viu-se suspenso no ar. Equipou o seu filho e ensinou-o a voar. Então, antes do voo final, advertiu o seu filho de que deveriam voar a uma altura média. Nem muito próximo do Sol, para que o calor não derretesse a cera que colava as penas, nem tão baixo, para que o mar não pudesse molhá-las. Dédalo levantou voo e foi seguido por Ícaro. Eles sentiram-se como deuses que tinham dominado o ar. Passaram por Samos, Delos e Lebinto.

Ícaro deslumbrou-se com a bela imagem do Sol e, sentindo-se atraído, voou na sua direcção esquecendo-se das orientações do seu pai, talvez inebriado pela sensação de liberdade e poder.

A cera das suas asas começou rapidamente a derreter e logo caiu no mar. Quando Dédalo notou que seu filho não o acompanhava gritou: "Ícaro, Ícaro, onde estás?". Viu as penas das asas de Ícaro flutuando no mar.

Lamentando as suas próprias habilidades, enterrou o corpo numa ilha e chamou-a de Icaria em memória do seu filho. Chegou seguro à Sicília, onde construiu um templo a Apolo, deixando as suas asas como oferenda.


(O espectáculo do Cirque du Soleil que este fim-de-semana estará em Portugal é dedicado a Ícaro. Pesquisa efectuada no Wikipédia.)

José (Carlos Drummond de Andrade)

E agora, José ?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José ?
e agora, você ?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama protesta,
e agora, José ?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José ?

E agora, José ?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio - e agora ?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora ?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José !

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José !
José, para onde ?
Carlos Drummond de Andrade

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Caetano Veloso dedica "Menina da Ria" a Aveiro

Caetano Veloso dedicou uma canção a Aveiro. "Menina da Ria" faz parte do novo albúm Zii e Zie que conta também com canções como: Perdeu, Sem cais, Por quem?, Lobão tem razão, A cor amarela, A Base de Guantánamo, Falso Leblon, Incompatibilidade de gênios, Tarado ni você, Ingenuidade, Lapa e Diferentemente.
Esta canção servirá para promover o turismo do Centro de Portugal, sobretudo da cidade de Aveiro e pode ser ouvida em http://www.caetanoveloso.com.br/sec_discogra_view.php?language=pt_BR&id=45 .





Menina da Ria

Uma moça
De lá do outro lado da poça
Numa aparição transatlântica
Me encheu de elegante alegria
(Ai, Portugal, ovos moles, Aveiro)
Menina da Ria
Menina da Ria
Menina da Ria


E uma preta
(Parece que eu estou na Bahia)
Tão Linda quanto ela, dizia
No seu português lusitano:
“Pode o Caetano tirar uma foto?”
Menina da Ria
Menina da Ria
Menina da Ria

Arte Nova, um prédio art-nouveau numa margem
Em frente à marina-miragem:
Os barcos na Ria. E depois

Uma taça sobre o pubis glabro, um estudo
Nenhum descalabro se tudo
É sexo sem sexo em nós dois
Menina da Ria
Menina da Ria
Menina da Ria

terça-feira, 12 de maio de 2009

Primeiro Dia (Sérgio Godinho)

O ontem já passou. Bem ou mal, já passou! Nada podemos fazer para o mudar. O Amanhã ainda demora um pouco. HOJE É O PRIMEIRO DIA DO RESTO DA TUA VIDA!!! Estás à espera de quê? Lamentares-te do que já ocorreu ou sofrer por antecipação? Nada disso. Vive o aqui e agora. Desfruta do privilégio que tiveste em seres uma escolha divina (versão dos crentes) ou em seres o espermatozóide mais rápido, dos milhões que o acompanhavam, a fecundar o óvulo (versão científica). A VIDA É PARA SER VIVIDA!!!


Gaivota (Amália Hoje)

"Amália Hoje" é o disco que homenageia uma das mais marcantes artistas nacionais através de um conjunto de versões onde o fado deu lugar à pop. Nuno Gonçalves, Sónia Tavares (ambos dos The Gift), Paulo Praça (Plaza, Turbojunkie) e Fernando Ribeiro (Moonspell) compõem o projecto, cujo disco foi editado a 27 de Abril.


Vida Tão Estranha (Rodrigo Leão)

domingo, 10 de maio de 2009

domingo, 3 de maio de 2009

Xutos e Pontapés - um caso de longevidade

Os Xutos e Pontapés é um "case study" da música portuguesa. Comparo-os aos U2, com as devidas diferenças dos locais (leia-se espaços de oportunidades) onde nasceram.

Li esta semana uma frase atribuída a Darwin que dizia mais ou menos isto: "Os que sobrevivem não são os mais fortes nem os mais inteligentes, mas os que sabem adaptar-se". Os Xutos souberam impôr-se com os "Contentores", em meados da década de 80 e adaptaram-se às circunstâncias, continuando a serem uns "Senhores" da música portuguesa.

Vi-os este ano na Queima de Coimbra (1 de Maio), como já os vi por várias vezes. Numa delas, enquanto jornalista, tive a oportunidade de entrevistar Tim que me pediu para fazer a dita entrevista enquanto se deslocava entre o palco e os camarins (durante a Ficavouga-Sever do Vouga, em 2000). Pelo caminho um percalço quase levava Tim ao chão. Tive de ajudar a evitar a queda. A pressa da entrevista, após o maior concerto que algum dia vi em Sever do Vouga, onde estariam cerca de 10.000 pessoas, tinha um objectivo: Tim queria ir rapidamente para o meio do público. E foi! Juntamente com Zé Pedro, Calú e os restantes elementos da banda. Viam-se pelas tasquinhas, só não passando despercebidos dado que centenas de fãs lhe pediam autógrafos ou apenas uma palavra.

Agora enveredam por um caminho diferente. Juntam-se a uma multidão ansiosa por retirar o "Senhor Engenheiro" do poder. A canção a que me refiro não permite outra interpretação. Abrunhosa fez o mesmo de Cavaco. Os resultados podem não ser os esperados, mas está na moda (como estava Abrunhosa quando incitava a juventude contra o cavaquismo).

Em palco as novas canções não entusiasmam muito, mas mal vêm as clássicas, o público delira, salta, pula, dança, canta, acompanha uma banda que faz parte do espólio musical português. A par com os GNR que "Efectivamente" são da mesma geração.

Sem Eira nem Beira (Xutos e Pontapés)