José Manuel Vieira, professor do IST, alega que uma auto-estrada deverá ser utilizada diariamente por um mínimo de 10 a 12 mil veículos (valor de referência internacional). Ora, tendo em conta estes valores, estão abaixo deste limite 3 auto-estradas no Norte (A11-9692 veículos, A7-8700 e A24-5839), 2 no Centro (A17-4528 e A14-5473) e 4 no Sul (A15-5693, A10-7682, A13-5109 e A6-5446).
Este artigo revela, referindo dados do Eurostat, que "Portugal é dos países da Europa com mais auto-estradas por habitante e densidade geográfica e que a Região de Lisboa e Vale do Tejo é a "campeã" da Europa".
CUSTO/BENEFÍCIO: Cavaco Silva diz que "em Portugal ainda se confunde custo com benefício. Uma estrada é toda ela custos. O benefício é o trânsito que passará nela. Se não houver trânsito não há benefício, é zero". O novo-riquismo que ainda impera entre nós cega-nos de exemplos vindos do país vizinho. Em Espanha há autopistas (auto-estradas com elevados níveis de serviço e capacidade de tráfego) e as autovias (auto-estradas em zonas de menor tráfego, com especificações técnicas inferiores, mas pouco visíveis para os utilizadores. O custo de uma autovia espanhola fica em 60% do de uma autopista.
CONTRAS: Contra a política do betão estão vários indicadores. Em Portugal existem 500 veículos por mil habitantes. A construção do TGV entre Lisboa e Porto, um trajecto feito em menos de duas horas, prevêm-se quebras na utilização da auto-estrada. O Ministro das Obras Públicas, Mário Lino, estima em seis milhões de passageiros para este troço ferroviário. Na União Europeia as apostas são contrárias às vias rodoviárias. O relançamento económico dá prioridade ao transporte marítimo e à ferrovia.
BOM SENSO: A falta de estudos a prazo e a progressiva desertificação do interior em que este Governo parece estar apostado não permite o bom senso necessário. Proliferam um rol de novas auto-estradas previstas para o litoral. Actualmente a capacidade das auto-estradas que ligam Lisboa ao Porto é de 150 mil veículos diários, mas só lá passam 50,5 mil carros por dia. Apesar disso o Governo prevê uma nova auto-estrada para ligar as duas principais cidades portuguesas. Apesar de não serem rentáveis, concordo em pleno com as auto-estradas A7 (Famalicão à A24-Ribeira de Pena) e com a A24 (Viseu-Chaves) no Norte e com a A13 (Almeirim-Marateca) e A6 (Marateca-Elvas) porque desenvolvem regiões "deprimidas".
FUTURO: Ao contrário da política de desertificação do interior, defendida pelo Governo de Sócrates, eu optaria por uma solução diferente: não construir mais qualquer auto-estrada no litoral (quando muito melhorar as existentes). Em vez disso defendia quatro novas auto-estradas que colmatariam as assimetrias notórias que ainda se verificam no mapa português: as ligações Bragança-Guarda, Guarda-Leiria, Leiria-Elvas e Elvas-Faro.
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