Os camionistas pararam. Pararam porque os patrões os mandaram parar. A greve aconteceu em Portugal como em Espanha. Os postos de combustível secaram, as prateleiras dos supermercados ficaram vazias e muitas empresas (a Auto-Europa, por exemplo) tiveram de reduzir a produção por falta de matérias-primas.
Com o Ministro da Administração Interna, Rui Pereira, "refugiado" no Brasil, coube ao Primeiro-Ministro José Sócrates pegar na "batata quente". No Parlamento referiu que esteve até à 1,30 da madrugada em São Bento, desdobrado em reuniões.
Por fim o "fumo branco" e a greve das transportadoras era "suspensa" em Portugal. O pacote ridículo de reivindicações era semi-satisfeito, com arte e engenho político, sobejamente reconhecido ao nosso Chefe de Governo (a proximidade de eleições não será alheia). A situação era insustentável. Sócrates soube ceder sem abrir a "Caixa de Pandora" que era satisfazer integralmente os caprichos de um sector (transportes rodoviários), com argumentos absurdos do aumento dos combustíveis. Uma das cláusulas do acordo prevê que os pagamentos neste sector passem a fazer-se a 30 dias(!!!). O que é que o Governo tem a ver com isto??? O Prazo de Pagamento não deverá ser negociável num acordo comercial de uma economia de mercado???
Sócrates teve uma leitura correcta dos acontecimentos. Acabar com o mal antes que este se ramifique. A falta de combustível no Aeroporto de Lisboa parece ter sido o motivo que despoletou o "acordo".
Ao contrário, em Espanha, Zapatero mostra-se intransigente, e a greve continua.
DEPENDÊNCIA: Grande parte das empresas portuguesas estão amplamente dependentes dos transportes terrestres. Excessivamente, leia-se. Miguel Sousa Tavares teve uma importante leitura no Jornal Nacional, da TVI. "Abandonou-se a via ferroviária, acabando-se com determinados ramais, e o resultado está à vista. E não é com TGV's que resolvemos isto". As palavras, embora não contextuais, foram basicamente estas. Subscrevo-as na íntegra.
FERROVIAS: Na maior parte dos países europeus, existem vias ferroviárias dessiminadas de igual forma por todo o território. Em Portugal abandonámos há duas décadas esta opção. O transporte de mercadorias (e de pessoas), por esta via, devia ser exaustivamente estudado. Além das vantagens evidentes para o ambiente, e acredito que com o aumento dos combustíveis também traga vantagens económicas, haveria um risco menor, em casos como este, da paralização rodoviária. Em Portugal a rede ferroviária quase que se resume à Linha do Norte (Lisboa-Porto). João Cravinho (no tempo do Governo de António Guterres) bem tentou apostar nesta alternativa.
MAR: O recurso ao transporte marítimo, entre cidades portuárias, também devia ser equacionado. Tão voltados que estamos para o litoral em certas coisas e sempre com uma visão tão limitada e redutora. Todas as possibilidades devem estar sobre a mesa para que o Estado esteja menos "vulnerável", como o reconheceu hoje José Sócrates.
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