As notícias da TVI já começam a ser enfadonhas. São sempre as mesmas. Às vezes parece que a grelha é a mesma do dia anterior. Neste dia (17 de Março) a notícia de abertura do noticiário das 13 dava conta da onda de assaltos na zona de Sintra.
Grande novidade, pensava eu. Outra vez os tiros, os roubos, as mortes, o sangue. Como diria Albarran "o horror, o drama, a tragédia...".
Mas reflectindo melhor dei-me conta que o editor deste noticiário estava certo. É necessário continuar a denunciar os podres da nossa sociedade. Fiquei com a ideia que a notícia dava conta de bandos vindos de outros países. Talvez uma desculpa para nós portugueses. "Em casa onde não há pão todos ralham e ninguém tem razão". Em minha casa mais alguém da minha família teve a mesma impressão:
-Mas porque os deixam entrar em Portugal se isto aqui já está tão mal, questionava.
-Porque nós também já fomos um país de emigrantes, retorqui, enquanto apressadamente mastigava mais um pouco de esparguete. E acrescentava que todos seriam bem vindos se viessem por bem. Mas de facto nem todos vêm. A Aldeia Global está a chegar ao nosso cantinho à beira mar plantado. Para o bem... e sobretudo para o mal.
As repercussões económicas como a subida dos preços do combustível, do pão, etc. são assaltos silenciosos às nossas carteiras. Hoje dizia-se que até ao final do ano o gasóleo podia chegar aos 1,50€/Litro. Mas a criminalidade não. É a violência pura a chegar à casa de todos nós, pela "caixinha que mudou o mundo".
Mata-se em Lisboa, mata-se no Porto e este fim-de-semana houve essa tentativa em Coimbra. As armas parecem proliferar por toda a parte. Quanto tempo faltará para que o editor jornalístico da TVI deixe de abrir um noticiário com uma morte de uma pessoa com dois tiros na cabeça? Quanto tempo faltará para que matar se banalize de tal forma que a imprensa se recuse noticiar? São perguntas preocupantes. Dei-me conta que enquanto o editor da TVI mantiver a abrir o noticiário uma onda de assaltos na zona de Sintra, estamos bem. O pior é quando já não for notícia, por ser tão usual.
CARRO ROUBADO: Há cinco anos cheguei numa manhã ao local onde presumia ter o meu carro. Não estava lá. Telefonei à minha amiga Luisa e contei-lhe o sucedido. "-Ó Ed, és meio despistado a estacionar, tens a certeza que foi aí que o deixaste?". Não tinha a certeza. Procurei um pouco mais até que me ocorreu que talvez tivesse ficado muito próximo de uma ligeira curva e tivesse sido rebocado pela polícia. "- Liga à Polícia que eles informam-te". Liguei.
"- Com essa matrícula não foi nenhum carro rebocado", garantiu-me o agente do outro lado da linha. O carro efectivamente tinha sido roubado.
Uns dias depois apareceram uns papéis, que trazia na viatura, na Mata Nacional Vale de Canas, em Coimbra. Fui num carro da polícia para os identificar. Era verdade. Os papéis tinham estado no meu carro. Não havia vestígios da viatura, mas havia naquele local uma seringa, limão e papéis ensaguentados.
Pedi à polícia que tirassem as impressões digitais. Olharam-se com cumplicidade e pareciam querer dizer-me que eu andava a ver muitas séries televisivas de ficção policial americana. "-Olhe que estamos em Portugal", parecia querer dizer-me o polícia mais velho. Não deram parte de fracos. Foram buscar luvas e um saco de plástico e introduziram-lhe alguns dos vestígios para "analisar" (santa ingenuidade).
De regresso confidenciaram-me que aquilo não serviria de nada. Protestei pelo serviço que a polícia fazia. Explicaram-me. "-Olhe, nós percebemos que esteja perturbado pelo que lhe aconteceu, mas acredite que não é por nossa causa que as coisas não estão melhores". -Então de quem é?, quis saber.
-"Há dias apanhamos um indivíduo a assaltar uma casa de um emigrante de Tovim. Trazíamos o bandido no carro e ele vinha a rir-se dizendo que ainda naquele dia estaria em liberdade. Foi presente a Tribunal e libertado nesse dia com termo de identidade e residência enquanto aguardava julgamento. Fez questão em passar por nós à saída do Tribunal, enquanto lá ficámos umas horas a preencher papelada."
-"Percebe o que lhe quero dizer?" Percebi perfeitamente. Não sou de compreensão lenta. Os polícias são pessoas como outras, com famílias, que tentam zelar pela nossa segurança mas sem qualquer apoio de retaguarda. Já vi advogados e juízes interrogar polícias, que testemunharam assaltos, como se fossem eles os ladrões.
Existe um divórcio entre a Lei (leia-se Tribunais) e quem zela pelo seu cumprimento (autoridades policiais). Enquanto isto acontecer a onda de violência vai ganhando o efeito bola de neve. Até ao dia em que irão voltar as milícias populares para fazerem justiça pelas próprias mãos.
Não são necessários mais quartéis, super-esquadras, polícias em cada esquina. São necessárias Leis justas que se cumpram exemplarmente sem subterfúgios.
Grande novidade, pensava eu. Outra vez os tiros, os roubos, as mortes, o sangue. Como diria Albarran "o horror, o drama, a tragédia...".
Mas reflectindo melhor dei-me conta que o editor deste noticiário estava certo. É necessário continuar a denunciar os podres da nossa sociedade. Fiquei com a ideia que a notícia dava conta de bandos vindos de outros países. Talvez uma desculpa para nós portugueses. "Em casa onde não há pão todos ralham e ninguém tem razão". Em minha casa mais alguém da minha família teve a mesma impressão:
-Mas porque os deixam entrar em Portugal se isto aqui já está tão mal, questionava.
-Porque nós também já fomos um país de emigrantes, retorqui, enquanto apressadamente mastigava mais um pouco de esparguete. E acrescentava que todos seriam bem vindos se viessem por bem. Mas de facto nem todos vêm. A Aldeia Global está a chegar ao nosso cantinho à beira mar plantado. Para o bem... e sobretudo para o mal.
As repercussões económicas como a subida dos preços do combustível, do pão, etc. são assaltos silenciosos às nossas carteiras. Hoje dizia-se que até ao final do ano o gasóleo podia chegar aos 1,50€/Litro. Mas a criminalidade não. É a violência pura a chegar à casa de todos nós, pela "caixinha que mudou o mundo".
Mata-se em Lisboa, mata-se no Porto e este fim-de-semana houve essa tentativa em Coimbra. As armas parecem proliferar por toda a parte. Quanto tempo faltará para que o editor jornalístico da TVI deixe de abrir um noticiário com uma morte de uma pessoa com dois tiros na cabeça? Quanto tempo faltará para que matar se banalize de tal forma que a imprensa se recuse noticiar? São perguntas preocupantes. Dei-me conta que enquanto o editor da TVI mantiver a abrir o noticiário uma onda de assaltos na zona de Sintra, estamos bem. O pior é quando já não for notícia, por ser tão usual.
CARRO ROUBADO: Há cinco anos cheguei numa manhã ao local onde presumia ter o meu carro. Não estava lá. Telefonei à minha amiga Luisa e contei-lhe o sucedido. "-Ó Ed, és meio despistado a estacionar, tens a certeza que foi aí que o deixaste?". Não tinha a certeza. Procurei um pouco mais até que me ocorreu que talvez tivesse ficado muito próximo de uma ligeira curva e tivesse sido rebocado pela polícia. "- Liga à Polícia que eles informam-te". Liguei.
"- Com essa matrícula não foi nenhum carro rebocado", garantiu-me o agente do outro lado da linha. O carro efectivamente tinha sido roubado.
Uns dias depois apareceram uns papéis, que trazia na viatura, na Mata Nacional Vale de Canas, em Coimbra. Fui num carro da polícia para os identificar. Era verdade. Os papéis tinham estado no meu carro. Não havia vestígios da viatura, mas havia naquele local uma seringa, limão e papéis ensaguentados.
Pedi à polícia que tirassem as impressões digitais. Olharam-se com cumplicidade e pareciam querer dizer-me que eu andava a ver muitas séries televisivas de ficção policial americana. "-Olhe que estamos em Portugal", parecia querer dizer-me o polícia mais velho. Não deram parte de fracos. Foram buscar luvas e um saco de plástico e introduziram-lhe alguns dos vestígios para "analisar" (santa ingenuidade).
De regresso confidenciaram-me que aquilo não serviria de nada. Protestei pelo serviço que a polícia fazia. Explicaram-me. "-Olhe, nós percebemos que esteja perturbado pelo que lhe aconteceu, mas acredite que não é por nossa causa que as coisas não estão melhores". -Então de quem é?, quis saber.
-"Há dias apanhamos um indivíduo a assaltar uma casa de um emigrante de Tovim. Trazíamos o bandido no carro e ele vinha a rir-se dizendo que ainda naquele dia estaria em liberdade. Foi presente a Tribunal e libertado nesse dia com termo de identidade e residência enquanto aguardava julgamento. Fez questão em passar por nós à saída do Tribunal, enquanto lá ficámos umas horas a preencher papelada."
-"Percebe o que lhe quero dizer?" Percebi perfeitamente. Não sou de compreensão lenta. Os polícias são pessoas como outras, com famílias, que tentam zelar pela nossa segurança mas sem qualquer apoio de retaguarda. Já vi advogados e juízes interrogar polícias, que testemunharam assaltos, como se fossem eles os ladrões.
Existe um divórcio entre a Lei (leia-se Tribunais) e quem zela pelo seu cumprimento (autoridades policiais). Enquanto isto acontecer a onda de violência vai ganhando o efeito bola de neve. Até ao dia em que irão voltar as milícias populares para fazerem justiça pelas próprias mãos.
Não são necessários mais quartéis, super-esquadras, polícias em cada esquina. São necessárias Leis justas que se cumpram exemplarmente sem subterfúgios.
1 comentário:
É a evolução meu caro; para o bem e para o mal. Até agora Portugal era um paraiso, mas a evolução traz também os ghettos, a pobreza e a podridão que se vê em paises mais "desenvolvidos" e que nós tanto cobiçamos os aspectos que nos interessa.
Se entramos para a CE e trazemos os subsidios, também temos que levar com a livre circulação de pessoas.
A pobreza é a mãe do ócio, da criminalidade, da rudeza, da sobrevivência. Com um país cada vez mais pobre, o crime saí à rua.
Eu perguntaria, onde isto vai parar?
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