segunda-feira, 10 de setembro de 2007

A Ilha das Trevas



Acabei ontem de ler um dos livros que mais me sensibilizou. "A Ilha das Trevas" mostra-nos o que mais desumano pode existir. As atrocidades cometidas em Timor Leste durante 24 anos pela Indonésia estão descritas de forma chocante, revoltante e que nos obriga a condenar os bárbaros que as cometeram, tão sumariamente, como eles executaram crianças e idosos ou violaram e mataram mulheres.

É o segundo livro que leio este ano de José Rodrigues dos Santos - o primeiro foi a "Fórmula de Deus" - e nunca um livro me revoltou tanto como este. Enquanto lemos sentimos a necessidade de denunciar. Lembramo-nos do ano de 1999, quando Portugal se uniu todo em torno da liberdade do povo da pátria de Xanana Gusmão.

A questão timorense não é só uma questão portuguesa, é um exemplo da hipocrisia mundial na defesa dos direitos humanos. Quem comodamente se remete ao seu canto e não luta pela defesa dos direitos humanos está a pactuar com os assassinos a quem eu me recuso de chamar "animais", porque os animais não fazem aquilo que naquela "Ilha das Trevas" se passou.

A história está contada de forma quase documentária mas apresenta uma escrita fácil, acessível e muito compreensiva. Para quem ainda não leu o livro, mas pretenda aventurar-se, advirto que contém bolinha vermelha no canto superior direito. Prepare-se para se revoltar de uma forma que nem pensava ser capaz. Prepare-se para odiar os indonésios para o resto da sua vida e para se orgulhar do que Portugal - e os seus políticos Durão Barroso e António Guterres - fez pela liberdade do primeiro país do século XXI, Timor Leste.

O último capítulo, então, quando Paulino relata o que foi obrigado a fazer, revela a degradação a que o homem pode chegar.

Guardo um autógrafo que Ramos Horta - actual Presidente do país asiático que fala português e que sucedeu a Xanana Gusmão - me deu em Coimbra. É um pedaço do sofrimento daquele povo que guardarei para o resto da minha vida.

4 comentários:

Anónimo disse...

Não é inacreditável que tais fatos tenham acontecido. Mas essas ações acabam sujando a história de países e povos do mundo inteiro. E nesse momento sentimos vergonha, recentimento e ódio... Mas sempre é tempo de aprender, tempo de amar e tempo de semearmos o bem. Essa atambém é uma forma de escrever um novo capitulo para uma nova história....

Anónimo disse...

É incrível como a capacidade humana nos surpreende... quando pensamos que não há pior... Mas é verdade, cabe a cada um de nós fazer a diferença, mostrar que vale a pena lutar pelo melhor que há em nós e na vida... Mesmo que por vezes a força nos falte, o desãnimo se instale,..., e pelo meio reparamos que estamos sózinhos nesta luta... Mas mesmo assim a construção de algo melhor depende de cada um de nós...

Anónimo disse...

De um grande jornalista e escritor só poderia sair um livro fantástico, obrigado por partilhares connosco a tua leitura.
Grande abraço.

Vida disse...

Ainda não li o livro, embora tenha lido todos os livros do J.R.S...A invasão de Timor sempre mexeu comigo, acompanhava as noticias, e posso dizer que quando capturaram Xanana Gusmão, chorei, o massacre de Sta Cruz foi horrivel, alertou o mundo para a realidade daquele território, fiz todas as campanhas por Timor, acendi velas, vesti-me de branco, recolhi livros e brinquedos,recusava-me a comprar vestuário" made in Indonésia", mas o nosso país concordava com as importações...por isso sempre vi a questão da invasão de Timor como uma questão de interesses, em que os grandes e poderosos concordaram, e foi com a conivência dos E.U.A que a Indonesia anexou aquele território mais concretamente com o apoio de Henry Kissenger, que pasme-se...posteriormente veio a receber o Prémio Nobel da Paz, se isto n foi interesses...foi o que? Actualmente n posso deixar de me sentir um pouco enganada pelo povo timorense...pq depois de todas as campanhas, ajudas, não souberam entender-se, vi Xanana Gusmão apertar as mãos aos indonésios, vi os timorenses incendiarem edificios, saquearem lojas, em guerra uns com os outros...enfim, uma vergonha, Xanana saíu, desiludido com tudo, assim como eu estou...quanto ao livro e aos horrores do que lá se viveu não duvido e lamento que se tenham passado, quem se sentir culpado que carregue com essa culpa, eu como cidadã anónima posso dizer...fiz a minha parte